Polícia

Vereador diz sofrer perseguição do comando da PM

Real missão da Corporação, que é de proteger o cidadão, estaria sendo desvirtuada, dando lugar a questões de cunho político

O vereador Wanderley de Oliveira, o “Lêga”, reafirmou ao Daqui o que vem denunciando há algum tempo na tribuna da Câmara Municipal: estaria sofrendo uma perseguição implacável, patrocinada pela cúpula da Polícia Militar, especialmente do coronel César Ricardo, comandante regional da PM. Essa perseguição teria se iniciado depois de o vereador se posicionar contra irregularidades praticadas pelo prefeito afastado Ruy Muniz.
O vereador afirma que tudo começou quando ele acionou policiais em serviço na rua para abordarem caminhões a serviço da prefeitura, por suspeita de irregularidades na documentação dos veículos. A abordagem resultou na apreensão dos veículos pela confirmação das suspeitas. Em virtude disto o coronel César Ricardo teria reagido, condenando a atitude do vereador Lêga, o que gerou um desentendimento entre os dois e, consequentemente, uma animosidade também entre o vereador e o tenente-coronel Ederson, comandante do 10º Batalhão, que teria se solidarizado com César Ricardo. 
A partir desse fato, os comandantes teriam proibido os chefes de cerimônias de anunciarem a presença do vereador em solenidades militares em Montes Claros; foi determinado também que Lêga só poderia entrar nas dependências do 10º Batalhão escoltado por um integrante da Polícia Secreta da PM, como forma de desmoralizar o vereador. 
Na ocasião Lêga denunciou irregularidades supostamente praticadas pelo coronel César Ricardo, tais como recebimento indevido de pagamento de diárias por serviços em que ele não teria participado diretamente, desvio de recursos destinados à reforma de um quartel e perseguição a vários policiais sob o seu comando, situação que caracteriza, inclusive, assédio moral. Essas denúncias redundaram em processos judiciais (na Justiça Militar) e administrativos, a mando do coronel, em tramitação contra o vereador Lêga. 
Outra denúncia é de que vereadores ligados ao prefeito afastado Ruy Muniz se aliaram ao coronel César Ricardo para defenderem os interesses do comandante e boicotarem os projetos do vereador Lêga. Ele cita o projeto que penalizaria os vereadores que abandonam o plenário antes do final das reuniões; a votação resultou em empate e o voto de desempate do presidente, vereador Marcos Nem, foi contra a penalização; assim, os vereadores podem livremente apenas se apresentar no início das reuniões e, em seguida, se ausentar para questões particulares ou para evitar quórum de votação em projetos que não sejam do interesse do prefeito afastado.
O vereador Lêga falou também do crescimento vertiginoso da criminalidade em Montes Claros nos últimos meses, enquanto o comando da PM está preocupado apenas em se envolver em questões políticas, inclusive, tentando criar mecanismos para dificultar a sua campanha à reeleição de vereador e sempre investindo na defesa dos interesses do prefeito afastado. Procurado pelo Daqui, o comando da PM não se manifestou a respeito


BIG BROTHER NA PM

Sargento afirma que tem sua rotina bisbilhotada por defender desmilitarização da corporação 


O sargento aposentado da Polícia Militar, Paulo Santos, residente em Montes Claros, afirma que vem sofrendo perseguições do serviço secreto da corporação há mais de 20 anos por defender a desmilitarização.
Tudo começou, segundo Santos, em 1975, quando ele se candidatou à presidência da Associação dos Subtenentes e Sargentos da PM, principal entidade representante dos praças , e defendeu publica-mente a desmilitarização da PM. Ele teria sofrido uma campanha interna contra a sua candidatura, o que lhe impediu a eleição.  Depois disso, conta, tem sofrido ferrenha perseguição dos seus superiores.
Santos alega que desde que manifestou suas ideias vem sendo acompanhando diuturnamente pelo serviço secreto da PM que faz escutas ilegais dos seus telefones e “hackeia” seus computadores (e-mails e suas atividades em redes sociais), violam suas correspondências, seguem-no quando em deslocamento em suas atividades diárias e acompanham sua rotina com uso de tecnologias capazes de obterem imagens e áudios de sua privacidade, ou seja, da intimidade do seu lar, além de promoverem intrigas com seus vizinhos e colegas de profissão.
O objetivo de tal perseguição, segundo o policial Santos, seria para provocar-lhe uma “tempestade mental”, isto é, levá-lo a um colapso psicológico para que ele caia no descrédito, tanto no meio policial como no meio civil, e para que suas ideias de desmilitarização da PM não proliferem. “Se eu surtar, ninguém vai acreditar em mim e é justamente isso que eles querem!”, revela,  convicto de que de fato é alvo de uma espionagem implacável nos moldes de um filme hollywoodiano. 
A reportagem entrou em contato com o comando da PM em Montes Claros,  mas não houve retorno a respeito das denúncias.