Opinião


Votar, apesar de tudo


Uma eleição logo após a investida contra a democracia, com o golpe que derrubou uma presidente legitimamente eleita e inocente das acusações que lhe foram imputadas - tanto que ela não foi punida com a perda dos seus direitos políticos, mas retirada do caminho, como eles queriam -, não deixa de ser alentador.
O eleitor, como ocorre sempre nessa época, volta a ser o protagonista, o senhor da história, aquele que pode mudar os rumos de uma cidade ou simplesmente respaldar projetos que nada têm a ver com seus anseios. Aliás, disputam as eleições municipais em Montes Claros candidatos que já estiveram no poder, aqui e acolá, sem que seus legados contemplassem os mais necessitados.
São exatamente esses, os que mais precisam da ação do poder público, os pós-graduados na arte de ser enganados, quem novamente decidirão a parada. Solitário, na solidão da cabine indevassável, exercerão o sagrado direito ao voto. Na urna, para sua apreciação e sob seu julgamento, estarão de novo aquelas mesmas figurinhas carimbadas com o carimbo do vício moral e de caráter.
Em contrapartida, há a alternativa representada por três mulheres. Uma delas, a novidade factível, a possibilidade de algo novo ocorrer na administração da cidade. Portanto, o pleito do próximo dia 2 de outubro é uma preciosa oportunidade para que o eleitor promova a mudança real – não apenas na retórica daqueles que não têm nenhum compromisso com a causa e os interesses mais nobres das pessoas.
O processo em Montes Claros, onde as candidaturas estão muito bem situadas em seus campos, possibilita ao eleitor escolher que projeto deseja para a cidade. E demonstra que a nossa democracia, apesar de ameaçada, ainda é a melhor forma de o cidadão exercer seu poder, com livre liberdade para decidir.
Está tudo muito bem posto. Ninguém poderá dizer que reeditou o caos, recente ou antigo, por falta de opção.


WALDO FERREIRA
Editor

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A Imprensa e a Cultura enlutadas


* Pedro Neto

Mais uma lacuna na Imprensa de Montes Claros, do Norte de Minas e, quiçá, do Estado. O setor cultural também está triste. Quem frequenta o "Quarteirão do Povo" já percebeu a  ausência  do  escritor, sonhador, ideologista, amigo e perseverante José Luiz Rodrigues, conterrâneo de Mirabela, nossa querida e eterna cidade da carne de sol e do pequi. Aos domingos, também ficará a saudade da coluna "Cultura & Notícias" do JN e das justas  homenagens do Prêmio Parnaso de Cultura, cuja última edição foi recentemente muito prestigiada no Centro  Cultural Hermes de Paula.
Era um camarada realmente dedicado ao que fazia e não tinha medo de expressar o que sentia.  Como poucos, defendia suas idéias, respeitando o próximo e, sem bajular quem quer que fosse, desde que entendesse estar certo de suas convicções em teoria e em prática.
Zé Luiz fazia o que a maioria da humanidade não consegue, ou pelo menos transmitia uma sobriedade de quem pratica um velho dito popular como poucos: ouvir mais do que falar!
A passagem de José Luiz Rodrigues, nesta segunda-feira, 19, deixou também lacuna no processo político de Mirabela. Pela primeira vez, iria disputar as eleições municipais naquela cidade. Quem sabe seria eleito Vereador e realizaria seu sonho de revolucionar o setor cultural daquele município. Não teve a chance. Mas Deus é quem confortará os amigos e familiares, neste momento em que a Imprensa, a Cultura e a sociedade de Mirabela e Montes Claros ficam enlutadas mais uma vez!...

*Jornalista e servidor público