História

Patrimônio histórico está sendo demolido em Montes Claros

Entretanto, a historiadora e promotora cultural Raquel Mendonça, que coordena a gerência de preservação e promoção do patrimônio cultural, aponta avanços na área

Sem fiscalização eficiente, imóveis históricos estão sendo demolidos de forma irregular em Montes Claros. A gerente de preservação e promoção do patrimônio cultural de Montes Claros,  Raquel Mendonça, denuncia que os proprietários de casas  situadas na área de perímetro histórico ou preservação do município fazem a demolição na calada da noite, em finais de semana ligados a feriados, se aproveitando da falta de fiscalização.
Na área que ela comanda não funciona plantão nesses dias. “Para muitos, a memória, a história da cidade, parte mais que importante, imprescindível de sua identidade cultural, não têm o menor valor, e somente o 'dinheiro' e o valor material do bem lhes importa”, diz, indignada. Mas, apesar de tudo, ela vê ações de preservação eficientes em curso em Montes Claros. Raquel cita como exemplo a antiga 'Cachaçaria de Durães',  inventariada pelo Instituto Estadual do Patrimônio Histórico e Artístico de Minas Gerais (IEPHA/MG), situada na rua Justino Câmara, entorno histórico nobre da cidade.
O local já teve as obras de restauração efetivamente iniciadas por seu proprietário, Wagner Gonçalves Lafetá Rabelo, com base em projeto assinado pelo arquiteto e urbanista Sidcley Barbosa, junto à designer gráfica Cecília Lenoir, tudo analisado, avaliado e aprovado pelo Conselho Municipal do Patrimônio Cultural de Montes Claros (COMPAC). “Quem passa pelo local imagina logo que o imóvel foi cercado para demolição, mas, na verdade, é para receber obras de restauro ou restauração”, esclarece.
Raquel Mendonça lista algumas conquistas na área de patrimônio histórico e cultural de Montes Claros, com destaque para a finalização, com escritura registrada em cartório, da negociação do “Sobrado de Dulce Sarmento” (antiga Pensão de Dona Geny Mendes Ribeiro), situado na rua Justino Câmara com Coronel Celestino, por meio de permuta com lotes públicos. “Assim que for restaurado o sobrado receberá, finalmente,  o importante 'Museu da Imagem e do Som de Montes Claros', com os ricos acervos de Valdomiro Souza (Miro Vídeo), já doado à Prefeitura de Montes Claros; e do PROMEMOC - Pró-Memória de Montes Claros (Núcleo do futuro Museu que funciona na Secretaria Municipal de Cultura), da Fotógrafa de Arte Ângela Martins Ferreira e muitos outros mais”, informa a historiadora.
Segundo ela, o 'Sobrado dos Teles de Menezes', localizado na rua Justino Câmara, que se encontra em péssimo estado de conservação, passará por obras de escoramento (reforço estrutural amplo),  tendo como base projeto do engenheiro civil Carlos Eduardo Ferreira de Brito e do arquiteto e urbanista Hélio Renato Silva Brantes. O passo seguinte será a aquisição pelo Município, para restauração. No sobrado residem, correndo risco, dois herdeiros idosos, senhores Waldir e Valdevi. A negociação está intermediada pelo Ministério Público local, por meio da promotora de Justiça, Aluísia Beraldo Ribeiro.
Por outro lado, o extenso lote situado ao lado do Sobrado dos Versiani-Maurício (Casarão dos Maurício), na rua Coronel Celestino,  de propriedade de Daniela Maurício (neta de João Valle Maurício e Milene Antonieta Coutinho Maurício) e família (Alberto e filhos), está em fase de aquisição pela Prefeitura de Montes Claros, com a possibilidade de ser também por permuta com lotes públicos. Lá, será construído o primeiro teatro da 'cidade da arte e da cultura', projeto do arquiteto e artista plástico Hélio Brantes.
De acordo com Raquel, a 'Casa de Dona América', situada na Rua Dona Eva (Eva Bárbara Teixeira de Carvalho, fundadora da Banda Euterpe Montes-clarense), quase em frente ao imponente sobrado da Escola Normal/FAFIL, onde foi implantado o Museu Regional do Norte de Minas da Universidade Estadual de Montes Claros/Unimontes, não deverá ser demolida, como pretendia a sua proprietária, mas sim negociada com a Prefeitura, também por permuta.